Meu relógio de pulso estava com a bateria morta há mais de um ano. Finalmente resolvi ir trocar e, ao observar o senhor trabalhar, trocar minha bateria e acertar a hora, me peguei pensando no tempo. Na verdade, estava imaginando em que o senhor relojoeiro fica pensando o dia todo enquanto trabalha silenciosamente com marca-tempos : relógios. Será que ele pondera sobre o quanto o tempo é traiçoeiro e passa rápido demais quando queremos aproveitar cada segundo? Ou devagar demais quando queremos que um determinado momento chegue? Será que na sabedoria de sua idade ele chegou à conclusão de que o tempo cura qualquer ferida e resolve qualquer problema? Nunca saberei.
Mas tenho pensado muito na vida, no tempo, na sua imprevisibilidade e poder.
Meus colegas de faculdade organizaram um almoço, um reencontro. Foi a primeira vez que estive com um grupo reunido, depois de três anos. Foi surreal contar e ouvir tantas histórias – quem casou, quem teve filho, quem se mudou da cidade. Houve um momento que minha mente viajou até os primeiros dias de curso, as expectativas e medos que tínhamos, as decisões que tomamos, como tudo era diferente e como tudo o que vivemos nos levou até o hoje.
Fiquei feliz em revê-los. Pessoas com as quais convivi e compartilhei muito da minha vida durante quatro anos. Sempre serão uma importante parte de minha história. E o tempo? Não tem o poder de apagar esse tipo de coisa.
(Ana Elisa)