Portugal foi a viagem mais esperada, merecida e curtida depois desse inverno longo, congelante e escuro. Estava pronta para um calorzinho, para falar português e relaxar.
Postei no Facebook que estava à procura de companhia para a viagem e um dos meninos daqui se dispôs a ir comigo.
Chegamos na sexta à noite, pegamos o metrô e
encontramos o hostel facilmente. Já me senti em casa. Localização perfeita,
perto do Douro, dos bares, lojas, transporte, praças, tudo! Casa limpa,
decoração interessante, e o mais importante: pessoal super legal, ou “fixe”.
Na primeira noite já experimentei um dos pratos
típicos locais: a francesinha. É um misto com vários tipos de carne, com queijo
por cima e molho ao redor, servido em um prato e deve ser comido de garfo e
faca. É gostoso e bem pesado, os molhos variam de acordo com o restaurante.
Alguns acrescentam ovo e outros servem com batata frita. O meu foi simples, com
um molho apimentadinho, adorei. Porém já cheguei cometendo gafe: pedi
um Porto para acompanhar (já queria beber meu primeiro Porto em Porto, né?) e o
garçom disse que não se bebe Porto enquanto se come, que é pra ser degustado.
Ok, primeira lição aprendida.
Na manhã seguinte andamos um pouco pela
vizinhança e nos deparamos com uma fila enorme de jovens cantando, tocando
violão, etc. Ficamos curiosos e não custava nada perguntar – eles estavam
fazendo teste pra programa Ídolos! Continuamos pela beira do Douro, admirando
as pontes, as casas da velha cidade, o clima de tranquilidade. Não me preocupei
com mapas e direções, só queria relaxar e admirar.
A cidade tem muitas subidas e descidas, ficava
cansada rapidinho! Muitas ruas são estreitas e formam um pequeno labirinto e
ficamos um pouco perdidos, mas seguindo na direção certa, eventualmente
voltávamos ao hostel.
Fizemos o passeio gratuito que um grupo
organiza com hóspedes de outros hostels. De uma vez só vimos bastante da cidade, escutamos
ótimas histórias e conhecemos mais gente legal. A guia contava as histórias dos
monumentos e personagens históricos de um jeito bem interessante e diferente,
nada maçante. Os prédios, casas, igrejas, monumentos e ruas são lindos e dão
vontade de ter uma máquina do tempo e voltar pra ver como era a vida. Mas por
enquanto a imaginação serve. Algumas construções são semelhantes às de Ouro
Preto e cidades antigas do Brasil, feitas provavelmente na mesma época e
estilo. A maioria das casas estão em bom estado, mas outras foram completamente
abandonadas e estão caindo aos pedaços.
No almoço comi outro prato típico: bacalhau.
Cruzamos a ponte e encontramos um restaurante bacana em Vila Nova de Gaia. O
bacalhau estava bom, mas não é meu preferido, muito salgado. Eles serviram acompanhado de batata doce pra balancear, mas mesmo assim. A sobremesa, tarte de nata, estava
deliciosa, tenho certeza que engordei nesse passeio. Concordo com quem nos recomendou comer em Gaia
– a vista pra Porto é bem mais bonita! Sentamos na beira do rio após o almoço,
no sol, relaxando e admirando os barcos, a cidade, as pessoas. Não me canso de
dizer o quanto eu amei esse passeio, o quanto eu estava feliz lá. Não sei se
foi a cidade em si, ou o clima que elevou meu ânimo. 18 graus, sol, não
precisar de várias camadas de roupa – paraíso! Mas Porto é mesmo linda e possui
várias faces, eu definitivamente moraria lá!
Dormi cedo no primeiro dia pra aproveitar o
domingo, que foi o melhor dia da viagem. Visitamos a Igreja de São Francisco,
que por dentro é coberta em ouro (brasileiro) e depois fomos de ônibus até a
praia. Eu queria chorar de tanta alegria. Uma praia linda, uma sensação de
tranquilidade, paz, uma vontade de sentar ali e não ir embora. Almoçamos
sentados no sol, olhando o mar. Desta vez pedi filés de pescado, com salada e
arroz. Cada refeição era um momento único. À tarde fizemos um passeio de barco,
que dura mais ou menos uma hora e é uma delícia se o clima está bom. Como sou a
viajante mais sortuda, o sol estava brilhando e aproveitamos a paisagem e o
vento no rosto. Depois, tentamos encontrar a cave Taylor’s para uma visita e
degustação, mas ela fica bem escondidinha numa subida e quando chegamos lá, já
estavam fechando. Mas nos ofereceram exemplos do Porto branco e vermelho. A
vista de lá de cima também fez valer a pena a caminhada.
À noite fomos ao
festival Essência do Vinho (em Portugal! Tenho que frisar!). Podíamos
experimentar quantos vinhos quiséssemos - havia centenas de produtores e ainda bem que não deu tempo de beber muito, pois fecharam às 20h. No dia seguinte: estômago ruim e a vaga lembrança de ter conhecido meus novos colegas de
quarto. Comi um pãozinho seco, bebi um pouco de água e uma aspirina, conversei um pouco com o holandês e o brasileiro e mandei o Jimmy ir fazer compras enquanto eu dormia um
pouco. Eu tinha que beber vinho até morrer em Porto mesmo né?!
Depois que melhorei, fomos à Casa da Música,
uma parte bem diferente da cidade, mais comercial, moderna. O prédio é muito
diferente, branco, geométrico e com rampas ótimas pra skatistas do lado de
fora. No último andar há um restaurante e um terraço e tomamos um suco de
laranja sentados ao sol. Que vida boa!
Andamos de lá até a praia (mais de uma hora) e
vimos uma outra parte de cidade, residencial, também mais moderna.
Definitivamente, Porto tem várias faces e agrada a todos. Almocei um strogonoff
delicioso e experimentei polvo, que o Jimmy pediu. Foi preparado fresco, como
uma salada com ervas, gostosinho, interessante.
À noite o pessoal do hostel foi todo junto para
o Carnaval. As ruas estavam abarrotadas de gente fantasiada, os bares lotados.
Adorei a festa que fomos, música ótima, galera divertida – ninguém bate as
australianas!
Na terça-feira queríamos ir a Guimarães, mas os
trens (ou comboios) estavam em greve. Resolvemos pegar um ônibus (autocarro) e fomos parar em Braga. Comi
a maior e mais barata refeição da minha vida – um cozido de várias carnes e
legumes, arroz, sopa, refrigerante e salada de frutas por 6,50! Lá conhecemos
uma igreja linda e comprei um azulejo com a inscrição “Família Miranda”. O
tempo inteiro que estive em Porto lembrei de pai e mãe e como eu queria trazê-los
aqui e compartilhar tudo que vejo e vivencio. Ainda havia pessoas fantasiadas
nas ruas e destaque para as crianças: as coisinhas mais fofas do mundo!
No último dia, quarta-feira, andei sozinha
pelas ruas, comprando souvenirs. Foi uma sensação boa, a independência, paz. O
Jimmy foi mais cedo para o aeroporto, eu almocei com o Tiemen e fomos juntos.
Já me deu aquela depressão pós férias, mas estava feliz de voltar e planejar a próxima viagem: Espanha!