Monday, March 12, 2012

Antiga, mui nobre sempre leal e invicta cidade do Porto


Portugal foi a viagem mais esperada, merecida e curtida depois desse inverno longo, congelante e escuro. Estava pronta para um calorzinho, para falar português e relaxar. Postei no Facebook que estava à procura de companhia para a viagem e um dos meninos daqui se dispôs a ir comigo. 
Chegamos na sexta à noite, pegamos o metrô e encontramos o hostel facilmente. Já me senti em casa. Localização perfeita, perto do Douro, dos bares, lojas, transporte, praças, tudo! Casa limpa, decoração interessante, e o mais importante: pessoal super legal, ou “fixe”.
Na primeira noite já experimentei um dos pratos típicos locais: a francesinha. É um misto com vários tipos de carne, com queijo por cima e molho ao redor, servido em um prato e deve ser comido de garfo e faca. É gostoso e bem pesado, os molhos variam de acordo com o restaurante. Alguns acrescentam ovo e outros servem com batata frita. O meu foi simples, com um molho apimentadinho, adorei. Porém já cheguei cometendo gafe: pedi um Porto para acompanhar (já queria beber meu primeiro Porto em Porto, né?) e o garçom disse que não se bebe Porto enquanto se come, que é pra ser degustado. Ok, primeira lição aprendida.
Na manhã seguinte andamos um pouco pela vizinhança e nos deparamos com uma fila enorme de jovens cantando, tocando violão, etc. Ficamos curiosos e não custava nada perguntar – eles estavam fazendo teste pra programa Ídolos! Continuamos pela beira do Douro, admirando as pontes, as casas da velha cidade, o clima de tranquilidade. Não me preocupei com mapas e direções, só queria relaxar e admirar.
A cidade tem muitas subidas e descidas, ficava cansada rapidinho! Muitas ruas são estreitas e formam um pequeno labirinto e ficamos um pouco perdidos, mas seguindo na direção certa, eventualmente voltávamos  ao hostel.
Fizemos o passeio gratuito que um grupo organiza com hóspedes de outros hostels. De uma vez só vimos bastante da cidade, escutamos ótimas histórias e conhecemos mais gente legal. A guia contava as histórias dos monumentos e personagens históricos de um jeito bem interessante e diferente, nada maçante. Os prédios, casas, igrejas, monumentos e ruas são lindos e dão vontade de ter uma máquina do tempo e voltar pra ver como era a vida. Mas por enquanto a imaginação serve. Algumas construções são semelhantes às de Ouro Preto e cidades antigas do Brasil, feitas provavelmente na mesma época e estilo. A maioria das casas estão em bom estado, mas outras foram completamente abandonadas e estão caindo aos pedaços.
No almoço comi outro prato típico: bacalhau. Cruzamos a ponte e encontramos um restaurante bacana em Vila Nova de Gaia. O bacalhau estava bom, mas não é meu preferido, muito salgado. Eles serviram acompanhado de batata doce pra balancear, mas mesmo assim. A sobremesa, tarte de nata, estava deliciosa, tenho certeza que engordei nesse passeio. Concordo com quem nos recomendou comer em Gaia – a vista pra Porto é bem mais bonita! Sentamos na beira do rio após o almoço, no sol, relaxando e admirando os barcos, a cidade, as pessoas. Não me canso de dizer o quanto eu amei esse passeio, o quanto eu estava feliz lá. Não sei se foi a cidade em si, ou o clima que elevou meu ânimo. 18 graus, sol, não precisar de várias camadas de roupa – paraíso! Mas Porto é mesmo linda e possui várias faces, eu definitivamente moraria lá!
Dormi cedo no primeiro dia pra aproveitar o domingo, que foi o melhor dia da viagem. Visitamos a Igreja de São Francisco, que por dentro é coberta em ouro (brasileiro) e depois fomos de ônibus até a praia. Eu queria chorar de tanta alegria. Uma praia linda, uma sensação de tranquilidade, paz, uma vontade de sentar ali e não ir embora. Almoçamos sentados no sol, olhando o mar. Desta vez pedi filés de pescado, com salada e arroz. Cada refeição era um momento único. À tarde fizemos um passeio de barco, que dura mais ou menos uma hora e é uma delícia se o clima está bom. Como sou a viajante mais sortuda, o sol estava brilhando e aproveitamos a paisagem e o vento no rosto. Depois, tentamos encontrar a cave Taylor’s para uma visita e degustação, mas ela fica bem escondidinha numa subida e quando chegamos lá, já estavam fechando. Mas nos ofereceram exemplos do Porto branco e vermelho. A vista de lá de cima também fez valer a pena a caminhada. 
À noite fomos ao festival Essência do Vinho (em Portugal! Tenho que frisar!). Podíamos experimentar quantos vinhos quiséssemos - havia centenas de produtores e ainda bem que não deu tempo de beber muito, pois fecharam às 20h. No dia seguinte: estômago ruim e a vaga lembrança de ter conhecido meus novos colegas de quarto. Comi um pãozinho seco, bebi um pouco de água e uma aspirina, conversei um pouco com o holandês e o brasileiro e mandei o Jimmy ir fazer compras enquanto eu dormia um pouco. Eu tinha que beber vinho até morrer em Porto mesmo né?!
Depois que melhorei, fomos à Casa da Música, uma parte bem diferente da cidade, mais comercial, moderna. O prédio é muito diferente, branco, geométrico e com rampas ótimas pra skatistas do lado de fora. No último andar há um restaurante e um terraço e tomamos um suco de laranja sentados ao sol. Que vida boa!
Andamos de lá até a praia (mais de uma hora) e vimos uma outra parte de cidade, residencial, também mais moderna. Definitivamente, Porto tem várias faces e agrada a todos. Almocei um strogonoff delicioso e experimentei polvo, que o Jimmy pediu. Foi preparado fresco, como uma salada com ervas, gostosinho, interessante.
À noite o pessoal do hostel foi todo junto para o Carnaval. As ruas estavam abarrotadas de gente fantasiada, os bares lotados. Adorei a festa que fomos, música ótima, galera divertida – ninguém bate as australianas!
Na terça-feira queríamos ir a Guimarães, mas os trens (ou comboios) estavam em greve. Resolvemos pegar um ônibus (autocarro) e fomos parar em Braga. Comi a maior e mais barata refeição da minha vida – um cozido de várias carnes e legumes, arroz, sopa, refrigerante e salada de frutas por 6,50! Lá conhecemos uma igreja linda e comprei um azulejo com a inscrição “Família Miranda”. O tempo inteiro que estive em Porto lembrei de pai e mãe e como eu queria trazê-los aqui e compartilhar tudo que vejo e vivencio. Ainda havia pessoas fantasiadas nas ruas e destaque para as crianças: as coisinhas mais fofas do mundo!
No último dia, quarta-feira, andei sozinha pelas ruas, comprando souvenirs. Foi uma sensação boa, a independência, paz. O Jimmy foi mais cedo para o aeroporto, eu almocei com o Tiemen e fomos juntos. Já me deu aquela depressão pós férias, mas estava feliz de voltar e planejar a próxima viagem: Espanha!

1 comment:

Priscilla Gonçalves said...

Ana, não me canso de ler suas histórias (da vida real)! Acho que já te disse isso! Dá gosto acessar seu blog e ler um português perfeitinho (raridade hoje em dia). A riqueza de detalhes faz a gente viajar. Parabéns! Obrigada por compartilhar conosco as suas experiências!